Chevrolet Spin: receita na medida para donos de carros compactos

Ontem, após andar na Spin, a nova minivan da Chevrolet, cheguei à conclusão que nosso mercado está sendo dividido em dois “campeonatos”, a Série A e a Série B. A linha renovada da GM explica isso. De um lado temos o Cruze e o Sonic, participantes do campeonato “A” e do outro, Agile, Cobalt e agora a Spin – ah, sim, o Astra europeu atual joga num campeonato bem mais rico…

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Por que cheguei à essa conclusão? Porque o Cobalt e a Spin estão num nível inferior de refinamento que vi no Sonic, por exemplo. Seja pelo motor Econoflex ou pela simplicidade de suas peças ou ainda pelo visual mais grosseiro. O mais interessante é que não são maus carros. São, sim, produtos feitos para uma clientela que não exige tanto quanto a que compra carros da “Série A”. Quem leva um Cobalt para casa deve ter saído de um sedã compacto pequeno sem equipamentos e para ele o modelo – e outros concorrentes como o Versa – são uma senhora evolução, não importa que estejam há anos-luz de um Corolla ou Civic.

Com a Spin acontece um fenônemo parecido. A minivan – embora a GM tenha tentado nos convencer do contrário – é um projeto para agradar quem tem uma família numerosa e busca espaço e alguma verstatilidade, além, é claro, de um visual mais agressivo. Ela faz muito mais que uma Meriva? Até que não. Ainda não pude conferir suas medidas, mas apostaria que a Meriva é maior por dentro, porém, mais curta, o que impediu a tal terceira fileira de assentos. Mas a Meriva usa um recurso estético que já deu o que tinha que dar, o formato monovolume, quase um “ovo”. Hoje as pessoas querem algo que inspire respeito no trânsito e a moda da frente alta, com linhas de jipe é a mais popular. Por isso a Spin seguiu por esse caminho.

Mas vocês não imaginam como a engenharia e a área de custos da GM conseguem estragar um projeto. Muitas vezes, vejo críticas ao designer Carlos Barba e sua equipe aqui, mas talvez isso seja injusto. Durante a apresentação da Spin, ele mostrou três projetos da Spin e todos eram muito atraentes, quase crossovers. A opção escolhida, que deu origem a Spin, pouco lembra a minivan. Culpa de quem? Claro que dos departamentos que transformaram aquele desenho em algo real e viável financeiramente.

A Spin é mais comprida que a Meriva, mas tem menos espaço interno

Longe da Zafira

Outro erro que cometemos – a imprensa em geral – foi dizer antecipadamente que a Spin é sucessora da Zafira também. Nada mais absurdo. A Spin não tem porte para isso e seus preços confirmam essa impressão. Enquanto a novidade custa R$ 54.690 na versão mais sofisticada, a Zafira beira R$ 70 mil. Sim, há versões mais simples da idosa minivan que podem ser atendidas pela Spin, mas não será uma evolução para o cliente. Meu palpite é que a Zafira – que fica em linha até o final do ano – será substituída indiretamente pelo Trax, o “EcoSport” da GM. Como ele terá um porte mais avantajado e preço entre R$ 55 mil e R$ 70 mil pode, sim, ser a opção mais sofisticada de veículo familiar da GM, justamente a mesma meta da Ford com seu “EcoSport 2” – que dizem, terá versão de 7 lugares também.

Dirigindo a Spin

A primeira olhada na minivan me fez lembrar muito o Cobalt: um carro com soluções legais, mas bem simples, acabamento que quer parecer melhor do que é, e o painel do Sonic simplificado. Andei na versão LTZ automática, com o mesmo câmbio do Cruze, de seis marchas e uma opção sequencial por botão na alavanca – bem incômoda por sinal. A novidade em relação ao sedã é o motor 1.8 Econoflex que a GM diz ser uma evolução do 1.4 Econoflex.

A coisa mais interessante desse motor é mesmo a coragem da montadora americana em esquecer da potência nominal e focar no torque. Sim, como havíamos revelado há algum tempo, o motor tem potência baixa para um 1.8: 108 cv com etanol e 106 com gasolina, mas seu torque máximo é equivalente ao do Ecotec 1.6 16V do Sonic, algo em torno de 17 kgfm. Poderia ter mais? Tenho certeza que sim, mas a GM certamente se preocupou com o consumo elevado, cuja fama ela carrega há bastante tempo.

Perguntei a um funcionário da marca por que não usar o 1.6 Ecotec, um motor mais moderno. “Porque não daria para cobrar esse preço com um motor importado”, disse. Olha aí a teoria da “Série B” funcionando…

A Spin é bem equipada para um carro de R$ 55 mil. Traz direção assistida (hidráulica) trio elétrico,  Bluetooth, computador de bordo, piloto automático, airbag duplo e ABS, sensor de estacionamento e ar-condicionado. São os itens que hoje começaram a ser indispensáveis para os consumidores. Mas outros equipamentos mais sofisticados passam longe dela como teto solar panorâmico, direção elétrica, ajuste de profundidade do volante, GPS integrado, ar digital e outros airbags.

A GM também fez uma propaganda exagerada sobre a versatilidade da Spin. Diz que ela tem “23 posições diferentes para os bancos” e “32 porta-objetos de verdade”. Não digo que não seja verdade, mas certamente alguém levou em conta cada “dente” de ajuste dos bancos. A Spin rebate e dobra os bancos traseiros e tem a fileira central bipartida, mas não chega aos pés do sistema ULT da Honda que equipa o Fit. A Meriva, por exemplo, tinha um sistema bem mais sofisticado e prático. Em compensação, a GM tomou um senhor cuidado com o método de rebatimento que lembra um pouco o do Fox, mas que não põe em risco o dedo do cliente.

Porta-malas da versão LT, mais barata, leva 710 litros. LTZ tem menos espaço por causa da 3ª fileira de bancos

Bem, vamos colocar a Spin em movimento. No primeiro trecho do test-drive fui no banco de trás. Espaço para as pernas limitado e olho do meu lado e não consigo visualizar duas pessoas ali, no máximo uma criança. Com 1,83 m, nem tentei pular para a terceira fileira, mas o colega jornalista que me acompanhava o fez sem cara de satisfação. Realmente, não há milagre com esses dois passageiros extras. Ou são pequenos ou crianças e diria mais: a Spin leva quatro adultos e três crianças com algum conforto. Qualquer configuração mais “pesada” vai dar dor de cabeça.

No segundo trecho do test-drive, assumi o volante e, coitado do terceiro jornalista a bordo. Teve que se encolher atrás já que fui até o penúltimo dente do banco. Aliás, o assento do motorista é minúsculo. Boa parte das pernas fica para fora e as laterais levantadas acabam tornando a viagem mais desconfortável. Tento abaixar o banco e mesmo com ele no nível mínimo me sinto por cima do painel. O volante sem ajuste de profundidade (que saudade do Sonic) também dificulta achar uma posição boa de dirigir.

Partimos em direção à rodovia e logo a sensação de dirigir da Spin me lembra a do Cobalt. A direção tem respostas rápidas, a suspensão, um acerto entre confortável e firme, e o motor, ah, o motor, um fôlego apenas razoável. A transmissão automática faz sua parte, mas não dá a agilidade necessária em ultrapassagens, ainda mais com o carro um pouco carregado. Com sete pessoas mais bagagem a vida não será fácil.

Por falar em bagagem…

…não esperem demais da versão LTZ. Enquanto a versão LT leva 710 litros a LTZ consegue carregar pouco mais de 500 litros com a terceira fileira rebatida e recolhida. Com sete a bordo, o volume é de apenas 162 litros. Tudo porque, ao contrário da Zafira, os bancos traseiros não se escondem ao ser “guardados”. Mais uma confirmação da “Série B”.

Mas lá no subtitulo eu disse que a minivan vai vender bem. E acredito nisso porque a Spin tem preços acessíveis, boa lista de equipamentos e um apelo visual que funciona entre seus potenciais consumidores. Também vai ser vista com frequência com a vestimenta de táxi, como seu irmão Cobalt e sua antecessora Meriva. Por isso a meta de 3 mil unidades da GM parece fácil de atingir. Difícil mesmo vai ser levar cinco adultos grandões a bordo, mas para quem veio de um hatch ou sedã compacto das antigas a situação não vai mudar tanto assim.

Painel da Spin LT: simples, mas atraente