Trânsito: carro não é a solução para todas as necessidades

Trânsito: carro não é a solução para todas as necessidades

Dois anos atrás estava em Hamburgo, na Alemanha, uma das cidades mais importantes do país, e uma cena me chamou a atenção: uma mãe levava o filho pequeno na garupa de uma bicicleta, mesmo num dia frio e cinzento. Num dos países mais ricos do mundo, conhecido por produzir carros de qualidade, usar uma bicicleta ou o transporte público são coisas corriqueiras, mesmo que na garagem reluza um belo Mercedes-Benz, BMW ou Audi.

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Mas, afinal, por que os alemães deixam os carros em casa mesmo tendo ótimas estradas e quase nenhum problema com segurança para usá-los? A constatação foi até óbvia, mas muito clara para mim: existe uma imensa diferença entre ‘ter um carro’ e ‘usar um carro’.

Hoje vivemos o drama da mobilidade deficiente no Brasil: os carros são caros de usar e comprar, as ruas são apertadas e perigosas, mas o transporte público não atrai porque é de má qualidade ou insuficiente e outras alternativas praticamente inexistentes, como as famosas ciclovias.

O automóvel tem propósito e utilidade, é claro, mas cada vez menos ele será a única opção

O problema é que isso tem servido como desculpa para muita gente utilizar seu automóvel em demasia. Conto mais um exemplo real. No condomínio onde moro, distante 300 metros de uma padaria, é comum ver moradores irem de carro até ela, um percurso que não leva mais do que 10 minutos a pé. Será que isso se justifica?

Vida dura para os motoristas

Não concordo com a atual onda de repúdio ao transporte individual como se ele fosse o cigarro do século 21, como alguns já o definiram. O automóvel tem propósito e utilidade, é claro, mas cada vez menos ele será a única opção. É um caminho sem volta, afinal as grandes – e mesmo médias – cidades não suportam tantos veículos circulando. É preciso diversificar os modais e o papel de principal meio de locomoção será dividido pelo sistema ferroviário e o de ônibus em corredores segregados, os chamados BRT (Bus Rapid Transit). É fato.

Mas a situação ideal une vários tipos de veículos. Podemos ir de bicicleta até uma estação de metrô como também ir de carro até um estacionamento de estação e usar a bicicleta para chegar ao destino final.

Trechos curtos podem ser vencidos a pé também, a despeito da péssima qualidade das nossas calçadas. Mas elas só melhorarão quando as ‘retomarmos’ – hoje elas são uma zona cinzenta sem dono.

Num país livre, ninguém deve ser obrigado a entrar num ônibus lotado, é verdade, mas a restrição ao uso do automóvel irá crescer, seja com menos faixas nas avenidas, estacionamentos caros em zonas mais adensadas e, claro, pela perda de tempo nos congestionamentos. Ou seja, cabe a nós usarmos o bom senso e experimentar outras formas de chegar ao nosso destino. Seja ele do outro lado da cidade ou na padaria do lado de casa.

A coluna Transporte Racional aborda temas de mobilidade urbana e a inserção do automóvel na nova realidade das grandes cidades