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Fernando Calmon – Carros também têm que perder peso

Fernando Calmon – Carro na balança

Você certamente já ouviu falar em luta contra a balança. As pessoas desejam manter a forma física ou se adequar à estética atual em que peso a mais pode significar desleixo ou desinteresse com a saúde.

Da mesma forma a balança é um dos itens de grande importância no projeto de um automóvel a partir do zero. Isso porque peso e consumo de combustível estão intimamente ligados. Os números parecem desprezíveis, mas não são. Para quem costuma carregar ou esquece coisas desnecessárias no carro, a cada 50 kg o consumo de combustível aumenta em 1%.

Estudos mais recentes apontam que, para os mesmos 50 kg extras, o consumo em ciclo urbano regulamentado sobe 2% e no ciclo rodoviário, 1,6%. Se você transportar quatro pessoas de 75 kg, vai gastar mais 12% de gasolina ou etanol. No aplicativo Uber, modalidade Juntos, há inclusive sobretaxa na tarifa. Lembre-se disso ao voltar a guiar seu carro no dia a dia, após esse período de quarentena.

Economizar combustível é palavra de ordem no mundo por ser uma forma de diminuir emissões de gás carbônico (CO2), responsável por mudanças climáticas. Na Europa há pesadas multas para os fabricantes que não atingirem as metas impostas a partir de 2021— tal como no Brasil, porém em prazos mais dilatados.

Para qualquer novo carro são traçados objetivos de projeto de acordo com o orçamento de engenharia. Como são muitos os parâmetros em discussão cada fabricante parte de um número. Mas, na média, se aceita que dá para investir algo como até US$ 500 (R$ 2.500), além do previsto, para cada 100 kg economizados no peso. Se isso se refletir no preço de venda final, haverá implicações de aceitação mercadológica.

Veja o exemplo do projeto GEM (Mercados Emergentes Globais, na sigla em inglês) que deu origem aos novos Onix (hatch e sedã) e Tracker. Comparei a redução de peso, nas versões mais caras. No primeiro caso, a diferença é de 39 kg, mas, no segundo, atinge substanciais 142 kg. Não à toa os dois modelos alcançaram números excelentes de consumo no Programa de Etiquetagem Veicular, tornando-se os mais econômicos do Brasil no resultado geral e entre os SUVs. Motores de quatro cilindros foram substituídos por novos, de três cilindros, mais leves.

Outra estratégia foi utilizar seis airbags de série a fim de obter nota máxima em segurança nos testes de impacto contra barreira. Uma conta deve ter sido feita: airbags de teto ficaram mais em conta do que reforçar a estrutura e aumentar peso e consumo dos três modelos.

Peso menor também permite até usar freios a tambor atrás, mais baratos que os a disco. As distâncias de frenagem são boas, mas em longas descidas e altas cargas pode haver perda de eficiência que a GM afirma ter compensado tecnicamente. Mas do ponto de vista de marketing já não funciona bem. Na faixa de preço, principalmente do Tracker, ausência de discos nas rodas traseiras soa como economia pura e simples.

O projeto de modelos totalmente novos é um quebra-cabeça orçamentário. Além de segurança passiva e ativa, entram na conta itens de série ou opcionais de conforto, comodidade e conectividade, sendo este último um dos que mais atrai o comprador. Obviamente, desempenho também entra na equação, pois produzir um veículo frugal em consumo de combustível e de baixo desempenho de nada adianta.

ALTA RODA

 

Fernando Calmon

fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

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Fernando Calmon – Carros também têm que perder peso

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