Como o 5º maior mercado de veículos do mundo não tem uma montadora nacional?

Como o 5º maior mercado de veículos do mundo não tem uma montadora nacional?

Talvez o título correto seria “Já passou da hora de o Brasil ter uma marca nacional”. Esse assunto me persegue há anos e causa uma indignação tremenda. Como uma nação com tamanho preparo industrial e tecnológico não tem uma mísera marca de automóveis local? Sempre que esse tema vem à baila, surgem os saudosistas da Gurgel, mas que, a bem da verdade, nunca teve condições reais de competir com as marcas estrangeiras. E por condições entendam produtos realmente interessantes para o público geral e não financiamento público ou reserva de mercado, etc.

Você merece o melhor para o seu carro, e nós temos o melhor dele. Tudo de alta qualidade. A escolha perfeita. Compre com confiança na AMAZON e tenha a garantia de satisfação. Não perca mais tempo procurando por peças de baixa qualidade, dê ao seu carro o melhor. Clique aqui para ver nossa seleção agora mesmo!

Esquecendo um pouco do passado e analisando a situação atual do país, há muito não se vê um momento tão favorável a isso: a economia está estável e globalizada, temos grandes multinacionais sendo criadas no Brasil e o nível de profissionais no setor automobilístico nunca foi tão bom.

Bastaria uma espécie de Ratan Tata brasileiro com ideal suficiente para criar uma montadora nacional. Sim, o mercado de automóveis parece complicado e de margens baixas na teoria, mas se fosse ruim não teríamos mais de 30 marcas atuando aqui e outras querendo entrar, sobretudo chinesas que aprenderam (ou estão aprendendo) a fazer carros há poucos anos.

Não me imaginem como um nacionalista ardoroso, passo longe desse ideal, mas pensar que as montadoras instaladas aqui, na hora em que lucram enviam remessas de dinheiro para o exterior, causa uma certa frustração.

A velha ladainha de dizer que fabricamos aviões para o mundo todo e não conseguimos projetar um insignificante carro faz sentido. E não só isso. Temos hoje empresas como a Embraer, Friboi, Inbev, Vale e Petrobras, para citar algumas, com atuação internacional e sendo referência em seus setores.

O pior é pensar que já temos know-how na área, ao contrário dos coreanos, por exemplo, que começaram montando modelos japoneses para aprender o processo e hoje superam seus próprios “mestres”.

Veja o caso da MMC. A empresa de Eduardo Souza Ramos possui a licença de produção e comercialização da Mitsubishi no Brasil. Mas o empresário não se contenta em importar modelos, ele desenvolve com parcos recursos os produtos que a matriz às vezes ignora. Eis aí um grande candidato a criar sua própria marca.

Outra estranha constatação é que o presidente Lula, tão preocupado em fortalecer as empresas brasileiras para competir no exterior – basta lembrar o esforço para unir a Oi e a Brasil Telecom – não emite uma mera opinião sobre o setor automobilístico, do qual surgiu como metalúrgico.

Não é um Nano que procuramos

Não é certo, mas bem provável que se possuíssemos uma indústria genuinamente nacional, além do potencial de exportação, poderíamos ter modelos mais identificados com as necessidades do brasileiro. Hoje vivemos de ondas de investimento das montadoras estrangeiras que ora vêem potencial no Brasil, ora nos deixam com carros defasados.

A solução não passa, a meu ver, por querer criar um Nano brasileiro afinal nosso consumidor busca mais do que um meio de locomoção. Também é muito mais arriscado para uma empresa sem tradição querer produzir um veículo de massa, cujo pós-venda pode ser extremamente complicado.

Por que não um sedã compacto como o Logan, mas com design atraente, ou mesmo uma van multifunção, capaz de ser usada tanto para a família quanto para o transporte de pequenas cargas ou encomendas?

O tema, com certeza, é muito complicado e não basta apenas ter vontade, é preciso muito planejamento e apoio privado e público para que isso aconteça, mas se não colocarmos o tema em discussão corremos o risco de ser o único grande mercado de automóveis do mundo sem representante local.

Vale a pena ler a coluna do jornalista Fernando Calmon, que fala desse mesmo tema.